Giro da semana... por que é tão difícil escrever sobre o Brasil?
Toda vez que tenho que escrever sobe as notícias no Brasil, eu travo um pouco. Me dá uma extrema preguiça, mas eu vou vencer! Vamos lá, vou tratar de alguns dados que foram compartilhados pela Folha sobre o primeiro ano de Governo Bolsonaro e sobre a morte do miliciano ligado à família Bolsonaro, além da milícia digital que atacou Patrícia Campos, jornalista da Folha.
Indicadores de um ano do Governo Bolsonaro
A Folha publicou um artigo contendo uma grande pesquisa sobre indicadores dos mais variados relativos ao Governo Bolsonaro. Eles verificaram que nas áreas de saúde, educação e social, o Brasil recuou se comparado ao ano de 2018, mas na área de economia e na violência houve uma leve melhora. Gostaria de fazer alguns comentários sobre esses dados.
Primeiramente, é importante ter cuidado ao analisar esses dados. Se você não é especialista, não vá correndo comemorar ou criticar. Eu li e reli o texto e tirei a seguinte conclusão: Não é possível ter avanços sólidos de economia e emprego se não há investimento na saúde, educação e assistência. Sem saúde básica (a matéria falou que houve uma queda na rede de atendimento básico) as pessoas vão ficar mais doentes e, com isso, o governo vai gastar mais com atendimentos na rede do SUS. Se as pessoas não têm o que comer, também vão ficar mais doentes (outro ponto baixo do governo foi o gargalo na concessão do bolsa família).
Em segundo lugar, o que a matéria chama de ganhos na economia não ficou muito claro para mim. Eles resumiram dizendo que Guedes faz mudanças estruturais na Economia brasileira e que a bolsa atingiu níveis recordes. Eu não sei o que isso significa para os cidadãos brasileiros. O desemprego recuou, mas o nível de informalidade saltou.
Por fim, os dados sobre diminuição de homicídios não pode ser uma vitória do governo federal, uma vez que essa é uma política de governo dos estados, mas há teorias que já explicam que o nível de homicídios terem caído tem a ver com a diminuição da violência entre gangues, na chamada guerra do tráfico, já que a política de tolerância zero do Witzel acuou os principais grupos. A preço de que é que se pergunta, já que dezenas de pessoas inocentes, inclusive crianças, morreram nesse meio.
Eu não comemoro o que foi chamado de conquista e lamento muito as perdas. Acho que no quadro geral, perdemos muito mais do que ganhamos.
Milícias e Milicianos
Outro tópico que chegou às manchetes dos jorais e foi o assunto de vários dias no Twitter foi a morte do miliciano ligado à morte de Marielle Franco e com ligação à família Bolsonaro. Ele havia fugido, de acordo com seu advogado, por estar com medo de ser morto pelo polícia. Os Bolsonaros correram para afastar o nome e Adriano da Nóbrega, mas o ex-PM e miliciano já havia sido homenageado por eles e familiares dele trabalharam no gabinete do Flávio Bolsonaro.
Ainda sobre milícias, mas agora as digitais, em depoimento no Congresso, Hans River, ex-funcionário de uma empresa que é especialista em criar Fake News e fazer disparos de mensagens por Whatsapp, acusou a jornalista que o entrevistou de coisas que nem sequer valem serem repetidas. O mais interessante é que logo depois do depoimento, essas mesmas empresas já estavam disparando uma infinidade de mensagens para acabar com a imagem da jornalista. Mesmo a Folha tendo publicado provas que ele estava mentindo, a verdade não fez diferença alguma. A forma como essas empresas trabalham é bem interessante e, ao fim, fica quase impossível saber o que é verdade se você vive imerso numa bolha de fake news.
Por isso, sempre chequem o que vocês compartilham por aí. Não acreditem se o texto não trouxer links externos para a matéria original. Se é um meme, menos ainda. Se informar dá trabalho, então façam o esforço.