"Alegria do palhaço não é ver o circo pegar fogo, é ver a alegria incendiar o picadeiro"
Atualizado: 11 de mar. de 2020
Que bonito, que lindo! Ver as pessoas rindo e se divertindo. Ver a alegria contagiar. Ver o sorriso fácil das senhoras e dos senhores. A piada e o palhaço ficam muito felizes quando conseguem seu objetivo: fazer rir. Pena é que o palhaço não é palhaço, a piada não tem graça nenhuma e o momento não poderia ser pior para se fazer graça.
Para quem já imaginou, sim, estou falando da última palhaçada governista de levar um comediante para falar com os jornalistas sobre um tema tão sério: o crescimento pífio do PIB brasileiro. Aquele momento deveria entrar para a história do que significa o desrespeito com profissionais da imprensa e total falta de preocupação com a situação econômica do país. Infelizmente, é essa a realidade e eu estou aqui hoje para falar um pouco sobre o resultado deste PIB e sobre o que andei pesquisando sobre a alta do dólar também. Fora isso, alguma ideias sobre a situação das eleições norte-americanas e o covid-19.
PIBinho, inho, inho
O resultado do último ano para o PIB brasileiro foi divulgado e, quando esperávamos crescer mais de 2% no começo do ano, na verdade chegamos a um crescimento de 1,1%. O número não agradou em nada os economistas e mostra que a expectativa de que o Governo Bolsonaro ao menos entregaria resultados econômicos positivos foi frustrada. Vamos entender um pouco o que aconteceu. Atenção, este também é um exercício para mim.
O PIB é, segundo o IBGE, a soma de todos os bens e serviços finais produzidos em um país, estado ou cidade, geralmente em um ano. Cada país calcula o seu PIB nas suas respectivas moedas. O PIB de 2019 foi de R$7,3 trilhões. Esse foi o terceiro ano de aumento, mas o menor da série que vinha sendo de 1,3% em 2017 e 2018. Significa dizer que ainda não conseguimos nos recurar da recessão de 2015 e 2016.
Segundo o IBGE, "o resultado foi afetado principalmente pela perda de ritmo de consumo das famílias e dos investimentos privados". Em outras palavras, estamos gastando menos e investindo menos. Mesmo com esse resultado e a necessidade de criar estratégias para melhor o ano de 2020, o governo preferiu ironizar o trabalho de jornalista e criar uma teoria fake para explicar o número. Alguma pessoa criativa da Secretaria de Comunicação trouxe uma explicação que, em breves palavras, dizia que o Brasil reduziu gastos públicos e aumentos gastos privados dizendo que há um diferença em PIB público e PIB privado. Algo que é completamente errado. Basta pesquisar por Private GDP (termo inglês para "PIB") e ver quantos países adotam essa diferença. Não se preocupe se você não encontrar, é porque ninguém nunca ouviu falar disso antes.
Enquanto o Brasil não levar a sério o assunto, vai ser impossível voltar aos níveis de crescimento de antes da rescessão. Já existem problemas demais ocorrendo no mundo que não são culpa do Brasil, mas que a gente precisa lidar. Não é tempo de criar mais problema.
Dólar, vai pa onde?
O dólar continua batendo recordes nominais. Chegou a R$4,65 na última semana. Dizem que a culpa é do coronavírus (na verdade, do medo e terror sendo espalhado por causa de um vírus que mata menos do que o machismo, por exemplo). Mas uma coisa que ainda não consegui entender é por que o Real é a moeda mais desvalorizada frente ao dólar do mundo hoje? Não é pergunta retórica. Eu realmente ainda não encontrei quem explicasse isso direitinho. Alguém sabe?
O próximo Presidente americano será um homem, branco, idoso
Todo mundo já leu que na última terça (03/03) ocorreu a Super Tuesday. Um dia em que 14 estados norte-americanos realizam, ao mesmo tempo, suas primárias. Ela é conhecida como sendo um divisor de águas, porque 1/3 dos delegados disputados durante as primárias são decididos nesse dia. Então, se você vai muito mal, não tem porque continuar gastando dinheiro e energia com a condidatura. Foi o que aconteceu com alguns candidatos, mas em especial: Bloomberg e Elizabeth Warren.
O caso de Bloomberg chega a ser cômico. Ele gastou mais de meio bilhão de dólares em campanha e saiu com apenas 12 delegados da Super Terça. E eu que só queria uns 100 mil dólares para arrumar minha vida. Doa pra mim, Bloomberg! Eu não vou me ater muito a ele. Depois ele vai virar caso de estudo para a ciência política.
Já Elizabeth Warren havia prometido que ficaria até o final, em julho. Mas no final da semana ela declarou que desistiria da campanha. A questão é que ela ainda não definiu quem vai apoiar (se quando você tiver lendo isso ela já tiver definido, ignora). Os eleitores de Warren são muito semelhantes aos eleitores de Sanders. Por exemplo, especula-se que se ela tivesse desistido antes da super terça, como fez Pete Buttigieg, Sanders teria tido um melhor resultado final. No final, Biden foi o grande ganhador levando 10 dos 14 estados. Se ela define apoio a Sanders, a campanha dele pode ganhar um fôlego interessante e a briga final será acirrada. Todos os demais que saíram da campanha (pelo menos os maiores como Pete e Bloomberg) definiram apoio a Biden.
Tem muito ainda para se falar sobre a corrida presidencial norte-americana e esse assunto nos interessa, sim. Principalmente, porque também teremos eleições aqui e a depender de quem ganhe lá, poderemos ter uma consolidação da extrema-direita no mundo ou um início de retorno ao bom senso (vou chamar assim porque agora eu só peço isso, nem estou falando de vitória da esquerda mais).
Sigamos acompanhando esse mundo doido.
P.S.: O que é escrito aqui revela minha opinião, meu modo de ver o que acontece por aí. Não é algo completamente infundado, já que sou pesquisadora, mas também não é algo sedimentado. Estou sempre aberta para ouvir opiniões diversas e, claro, para mudar minha opinião também. Chega junto!